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quinta-feira, 26 de março de 2020

CENTELHA II

Chega: vocês não irão apagar a minha Luz. Acendi pelo bem da graça divina de respeitar à vida humana e à força da mãe terra que tanto sustenta aos que querem mais luz, quanto aos que semeiam sombra. Porque a sombra é apenas uma consequência natural e pouca, daquele que anda com raios de sol sobre a cabeça.  Chega: vocês não v!ão apagar a minha Luz. A cultivei desde sempre, na ancestralidade que me guia embora nem sempre eu ouça a voz daqueles que me precederam – mas sinto! E sentir enche a tudo de sentido e nexo, de ternura e afago, de mãos dadas e esperanças. Vim de longe e há muito persigo a manutenção dessa coisa legítima que trago dentro do peito: me importar com o outro, compreender em que etapa de evolução possa estar o outro, respeitar a jornada dele e, paralelamente, manter a minha em andamento. Escolhi não julgar, mas constatar coisas a respeito daqueles com os quais convivo, ainda que a mim julguem sem dó nem piedade. E essa Luz ninguém me tira: eu a acendi! Não venham pois com trevas, com olhos varados de ira, com mãos empunhando lâminas e línguas proferindo perversidades! Não vou considerer a nada disso, não insistam. A cada dia, a cada oportunidade que me for concedida, irei decretar Luz a tudo quanto exista e pulse em plena liberdade de haver. Se me abalam, sigo colocando ambas as mãos em volta daquela Centelha primeira, protegendo-a dos temporais que possam vocês enviar para a minha morada. Protejo as vidas que me foram entregues a cuidar, aladas – e se tiver de dar minha vida por elas, darei: pois isso fará reinar mais Luz e menos egoismo. Não, vocês não podem apagar a minha Luz com seus risos debochados, com suas tentativas tolas de desqualificar os inimigos imaginários que inventaram só para terem contra o que lutar. Minha luta é outra, comigo mesma, buscando entender o quanto mais andei, o quanto mais apreendi de conhecimento, quanto mais bateu meu coração bobo. Me retiro dos embates propostos por quem vive de jorros raivosos. Me recolho num canto sagrado regado a Palo Santo e Vela, Prece, Comunhão com iguais. O Criador oferece Luz a todo ser sobre a terra. Compete a vocês acenderem a própria chama e cuidarem para que ela jamais apague. Cada um escolheu ao que cultivar. Portanto não venham tentar apagar ao Lume que a mim pertence e que leva a minha digital. Se enviarem mais revolta, devolverei mais Decretos de Luz por 3, 9, 108 vezes. Por que? Porque é preciso crer para ver! E eu creio que este recolhimento plural de hoje, mais do que nos apavorar, veio para ofertar Cura, reflexao, parceria, resgate, mudança! Veio para que pudéssemos voltar atrás e reconhecer a importância vital dos abraços que deixamos de dar quando podíamos, por livre e espontanea vontade. Veio para nos dizer: vocês dependem do ar e da água, não dos falsos messias que prometeram salvação e agora os condenam à morte prematura. Veio para nos repetir ao pé dos ouvidos em nossas camas, quando o dia finda: voltem a cuidar da minima pétala que brota, voltem a agradecer pelo primeiro gole de água pela manhã, voltem a celebrar a cada mergulho nos mares e a cada vôo nos céus que Deus criou, pois essas são ‑ na verdade absoluta, as reais riquezas, as fundamentais coisas que de fato os mantém vivos! Isso tudo veio de novo desmascarar aos hipócritas e sussurar aos bons: agradeçam mais e mais a cada novo dia. Veio nos orientar que peçamos perdão à terra que tanto agredimos. E se da terra viemos, a ela voltaremos – alguns com a sensação de terem cumprido seu aprendizado, outros com o arrependimento nu que os esvazia. Escolham ao que pertencer. Enquanto uns marcharem em direção à própria perdição, assista da janela e perdôe, não vão apagar a nossa luz. E ela veio forte, ponderosa, vem crescendo e, quando nascer em todos os seres de boa vontade ao mesmo tempo, em breve, a batizarei daqui de Redenção!

sábado, 18 de janeiro de 2020


De que adianta estar viva
Se não houver vida na vida que levo?
Se meu peito anda compassado e lento,
A mercê do vento pra lá e pra cá;
Se meus dias fazem reprise de ontens,
De que servem ponteiros, paredes, desvãos?
Vida que se preze consiste em lampejos,
Pulsares, cortejos, toda perdição.
Vida é movimento, insônia, desejo,
Arrepio de pêlo, sede, fome, pão.
Não vale uma vida se não for curtida
Como couro recente ou vinho ancião.
Essa coisa morna sem graça, sem lida,
Não me vale nada, não me leva além.
Eu peço que possa voltar a ser eu
Essa que encontro na frente do espelho
E que meu futuro seja mesmo o meu.
Sem vagar à toa, sem ficar a esmo,
Se não for luz, toda, que me abrace o breu,
A eternidade, a não existência, o sono infinito,
O silêncio, o céu.

19/01/2020





segunda-feira, 24 de junho de 2019

Ela


Somente ali – será que seria somente ali? Ela entregava o primeiro olhar do dia ao primeiro raio das manhãs, lá pelas 6 horas — o céu se enrubescia e era lá pelas 6 horas, todos os dias. O céu corava e, assim, somente assim, seus olhos podiam ser um pouco coloridos em vez de negros. Somente ali naquela hora, naquele fogo fátuo, naquela cena, naquela varanda. Depois que o céu se acomodava no azul confortável, ela saía, ia, consumindo ponteiros e esperando a noite. Somente lá, naquela varanda, é que ela entregava os olhos ao subir da lua. Esperava o carro dar a volta ao mesmo tempo em que a lua anunciava que viria. Era desse modo o encontro do branco da camisa com o branco da lua; era somente assim que o lampejo dos vagalumes em torno do poste na avenida, combinava com o tremer rápido que se dava nos corpos. Tudo combinava, era afinado, era perfeito e não havia quases. Era. Era a viagem do tamanho do céu com a idade do tempo; era a comunhão mútua de águas fluidas; era somente ali, será? Será que nunca mais seria ela, ela? Toda ela? A taça e o gelo a um mesmo instante não mais vazio? Será que seria somente naqueles tempos, naquele ano? Seria agora uma lembrança vaga de si mesma? Passaram muitos anos, muitos. Tempo demais. Um dia ela deu-se conta de que há somente uma morada para a verdade. A verdade só existe num único endereço, numa única situação legítima. E é dentro, nas profundezas onde falta o ar de tanto que a verdade adensa. A verdade custa caro porque vale o que custa. E só aceita habitar a um único espaço e é dentro, na célula-mãe da alma: o coração inteiro ou quebrado, mas nele. É como ela era. Somente ali. Naquela varanda por onde passavam todos. Diante daquele levantar às 6 horas para os primeiros raios. Diante daquele enluarar de pano, diante daqueles insetos iluminados. Não mais seria. Nunca mais. E essa agora era a verdade, é. Sem quase.

Necka Ayala
25/06/2019
CLSW, 105 ap 160 bloco C.

domingo, 9 de junho de 2019

#desMOROnou


EU SOU a Divina Presença decretando que comece imediatamente a queda de todas as mascaras rotas do mal. Eis que se anuncia o desMOROnamento do castelinho erguido em nome dos lobos em peles de cordeiros; eis que caem em contradição os falsos messias; eis que se erguem e vão à luta os reais pilares não-icônicos: não é necessário nenhum fenômeno para que 7 bolas toquem as redes; não é preciso uma Fada reeleita 6 vezes para que Amazonas completem a vitória! Pois que caiam ao chão os joãos que, de Deus, nada tinham! Que sejam expostas as reais intenções obscuras dos superherois forjados, fake. Que sejam removidas as togas travestidas e os supremos conchavos maleficos. EU SOU a Divina Presença apaixonada permanentemente pela cara linda e limpa da verdade. É chegada a hora de vermos brotar de volta a certeza que sempre tivemos: que não duraria muito a mentira deslavada; que apareceriam as provas contradizendo aos indícios falsificados; cai o pano. Cai o Rei de Copas, cai o Rei de Ouros, cai o Rei de Paus, cai – não fica nada! Canta, Ivan Lins, mas canta Direito! Canta conosco o cântico da divindade da Justiça, Pai Xangô revelando a face por trás do disfarce. E que tenhamos alguma compaixão dos chegados que se renderam à falcatrua. Mas nenhuma compaixão com as redes televisivas que ajudaram a que isso chegasse tão longe. Não tenhamos nenhuma piedade dos meios que convenceram os nossos próximos, coitados — serviram bem aos propósitos do submundo do maior crime da terra: a fabricação raivosa da desumanidade. Sequem a baba que escorre boca abaixo dos vociferadores de plantão, que postam atrocidades muitas, hora após hora querendo likes para a  carnificina. Pois ela vem vindo mas a caça será outra…bem outra. Logo verão, vocês que odeiam, jorrar o sangue da mentira enquanto ela agoniza diante de seus olhos incrédulos e pasmos. E no brilho desse jorro, vocês verão refletidos seus próprios rostos como coautores do que ali está. E nós teremos dó, sentiremos tristeza com vocês pela decepção que estarão sentindo. Sim, perguntem-se: então o vilão era esse que se dizia Salvador da patria? Então estirpamos a espinha e deixamos se alastrar o cancer? Sim. Infelizmente. E tanto avisamos, tanto pedimos — não faz isso, não cede ao ódio pois ele cega. Pois é: é chegada a hora de desMOROnar o teu cenário. E é chegada a nossa hora de vencer sem messias, sem deuses, sem fenômenos, mas com simples e verdadeiras almas que sentem e que defendem à vida humana, à vida do planeta terra que gerou a todos nós: índios, negros, mulheres, estrangeiros, trans, gays, heteros, todos. Todos.

Necka Ayala – que belo Junho é este que se inicia.